O avanço das investigações envolvendo militares tem gerado tensões crescentes nas relações entre as Forças Armadas e a Polícia Federal no Distrito Federal.

Desde a transição de governo, essas instituições têm enfrentado desconfiança mútua, e a recente sequência de eventos parece agravar ainda mais esse cenário.

Generais de alta patente do Exército expressaram preocupação com a coincidência de datas das operações conduzidas pela Polícia Federal que atingiram militares com dias de festividades importantes para a Força.

Alguns deles acreditam que essa coincidência pode ser uma estratégia deliberada dos policiais para ofuscar as celebrações militares.

Essas ações incluem a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e a operação contra o general da reserva Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ambos em datas próximas a eventos significativos para as Forças Armadas.

Membros da Polícia Federal, por sua vez, negam veementemente qualquer intenção de prejudicar as celebrações militares e alegam que suas operações são baseadas em decisões resultantes de investigações em curso. Eles classificam as preocupações dos militares como teorias da conspiração infundadas.

No entanto, o clima de desconfiança persiste e é percebido como prejudicial ao relacionamento entre as duas instituições.

O ministro da Defesa, José Múcio, tem procurado maneiras de amenizar as tensões e melhorar a relação, mantendo diálogo frequente com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. Múcio até mesmo convidou Rodrigues para participar de eventos militares importantes, como o Dia do Soldado.

O comandante do Exército, Tomás Paiva, também fez esforços para melhorar o relacionamento, convidando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a retomar seus exercícios na academia do Comando Militar do Planalto.

Os generais insistem que suas ações visam fortalecer a relação institucional, não proteger militares investigados pela PF. A Polícia Federal, por sua vez, argumenta que suas investigações visam apurar crimes, independentemente de quem seja o autor, e que a desconfiança dos militares reflete um espírito corporativo de proteção.

Essa tensão entre PF e militares não é recente, começando na transição de governo, quando houve desacordo sobre quem deveria coordenar a segurança do presidente Lula.

As divergências persistiram sobre o papel do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e os eventos de 8 de janeiro agravaram ainda mais as desconfianças da PF em relação ao GSI e às Forças Armadas.

Em meio a esse contexto de desconfiança e rivalidade, as instituições buscam formas de melhorar suas relações e fortalecer o entendimento mútuo para garantir a estabilidade institucional no Distrito Federal.